Victor I. Stoichita é um autor extremamente qualificado para escrever sobre arte e sua "Volatilização e/ou centralização: Em torno dos (auto)retratos de Manet e Degas", é mais uma grande obra. É um ensaio breve porém puramente abrangente sobre o tema e definitivamente vale a leitura.
Este livro não se preocupa apenas em analisar os retratos de Manet e Degas, mas dá uma visão de como eles se relacionam e se tornaram influentes na história da arte. Ele faz isso usando uma abordagem histórica, contextualizando os retratos na época em que foram criados e fazendo uma investigação profunda sobre as influências culturais e artísticas que influenciaram os artistas.
Esta obra tem muito a oferecer, desde uma explicação detalhada sobre a história da arte, até a análise profunda dos retratos de Manet e Degas. O autor explica como os retratos refletem os tempos e as mudanças culturais, e oferece uma perspectiva única sobre o tema. Ele também aborda o significado de retratar-se a si mesmo e o impacto que isso pode ter na história da arte.
Além disso, o livro é escrito de forma acessível e tem um tom didático que o torna fácil de ler e entender, mesmo para aqueles que não têm muito conhecimento sobre arte. É uma obra essencial para artistas, estudantes de arte e qualquer outra pessoa interessada na história da arte.
Como conclusão, recomendo fortemente "Volatilização e/ou centralização: Em torno dos (auto)retratos de Manet e Degas" de Victor I. Stoichita. É uma obra surpreendente e com todas as informações necessárias para entender o contexto em que os retratos de Manet e Degas foram criados.
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No final do século XIX, Manet e Degas perfazem duas posições inconciliáveis relativamente à arte «moderna». A admiração recíproca, a rivalidade e o confronto de temperamentos permitem, justamente, revelar um diálogo complexo e contraditório sobre a obra pictórica de ambos.Neste ensaio de V. I. Stoichita, a análise comparada dos auto-retratos e o estudo de outras obras significativas dos dois artistas, conduz-nos ao entendimento de duas distintas retóricas figurativas e dois modos divergentes de pensar e fazer a pintura. O acto de retratar e pintar pressupõe não só diferentes referências históricas e artísticas como duas contrastantes concepções visuais e críticas. A relação do pintor consigo mesmo e com o espectador, obedece a dispositivos de figuração onde, distintamente, a presença subjectiva e autoral se auto-confronta ou, por outro lado, se esquiva e ausenta.Assim, o carácter privado e auto-denotativo de Manet, onde predomina o reflexo do espelho, e a realidade do quadro enquanto construção e relação com o outro, contrasta com o sentido exotópico de Degas onde a evidência da instância autoral permanece «escondida». Em Manet existe uma integração consumada do autor na pintura, através de estratégias «paratextuais» que incluem a figura e o nome do próprio artista; em Degas, o pintor vê sem ser visto, desimplicando-se do espaço de representação, para se desvanecer como um «fantasma». Contrariamente à predilecção frontal e dinâmica de Manet, que visa o olhar do outro, a «centralidade do Eu», Degas prefere a vista lateral e a subtil transversalidade do observador: esta é a posição do voyeur, a do «observador não observado» que permanece no «umbral», jamais figurado e dentro da imagem.Leia mais
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Autor: Victor I. Stoichita
