Eu recomendo o livro "Slow Cinema: a memória e o fascínio pelo tempo no documentário contemporâneo", de Mariana Sibele Fernandes. O livro é uma leitura fundamental para quem deseja compreender o documentário contemporâneo e aproximá-lo do cinema de memória. Ao longo do livro, a autora discute a relação entre memória e imagem no documentário, abordando a análise de filmes como The Act of Killing, de Joshua Oppenheimer, e O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, examinando a sua relação com a memória e o tempo. Ela também destaca como o Slow Cinema tem servido para expandir e remodelar a narrativa tradicional, usando as lentes das memórias familiares, da história e da política para explorar os limites da representação visual. Além disso, a autora defende a ideia de que a memória e o tempo são fundamentais para entender o documentário contemporâneo, e que o Slow Cinema pode oferecer uma perspectiva única sobre o cinema de memória.
Geralmente, o livro é muito bem escrito, abrangente e instrutivo. Fernandes usa exemplos bem escolhidos, incluindo obras-primas do Slow Cinema como Las Hijas de Abril, de Michel Franco, e O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, para ilustrar suas hipóteses. Ela também oferece uma variedade de análises interessantes, abordando tanto as artes visuais quanto as narrativas, que permitem ao leitor experimentar as obras desses filmes. Além disso, as discussões sobre o Slow Cinema como um estilo cinematográfico em si mesmo são tão bem documentadas e ricas em detalhes que proporcionam uma experiência muito mais profunda.
Em suma, Slow Cinema: a memória e o fascínio pelo tempo no documentário contemporâneo é um livro fascinante e instrutivo que oferece um olhar único sobre o documentário contemporâneo e o Slow Cinema. A autora apresenta um estudo detalhado da memória e do tempo na representação visual, com análises profundas e bem escolhidas dos principais filmes do estilo. A abrangência de seu trabalho e sua capacidade de apresentar ideias difíceis de forma acessível permitem que o leitor experimente e explore filmes que provavelmente não teriam experimentado antes. Portanto, recomendo este livro como uma leitura fundamental para qualquer pessoa interessada em entender o Slow Cinema e o documentário contemporâneo.
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O fascínio pela dimensão temporal, evidenciado na forma e/ou na temática de algumas obras, marca uma das principais características encontradas em parte do documentário brasileiro contemporâneo. A ênfase na passagem do tempo ganha maior relevo quando, na busca incessante pela experiência singular do outro, os filmes abordam a memória pessoal como possibilidade de relacionar o ordinário, os gestos mais banais a um modo particular de ser e de estar num mundo em devir. E em se tratando da forma, a preferência por imagens longas e fixas intensifica a ideia de inexorabilidade do tempo, provocando no espectador o que Lúcia Nagib (2013) chama de stasis reflexiva. A tendência por um cinema mais contemplativo, cuja estética da lentidão nos direciona para novas formas de realismo cinematográfico, pode estar relacionada com o que tem se convencionado chamar de slow cinema – caracterizado, principalmente, pela fixação com o tempo, o uso de tomadas longas, a falta de enredo e o foco no cotidiano.Leia mais
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