Review: "Os Caminhos para Worldgreg: O Lago (Volume III)"

No início, uma porta. Depois, um túnel. Surpreendente, não?Os caminhos estavam onde eu menos esperava e se mostraram da forma mais absurda e fantástica que eu poderia imaginar se tivesse que inventar uma história. Não estranharia mais se um caminho fosse uma porca de parafuso ou um bambolê. Tudo pode ser um caminho quando se trata de magia. Fazer disso uma realidade certamente pode levar um ser humano à loucura. No entanto, também pode salvar uma vida ou, como foi no meu caso, fornecer uma nova.Eu estava vazio. Preso, em mim mesmo, estava sem sentidos. Os sentimentos que a mim antes pertenciam sumiram. No lugar vazio deixado por eles, o tormento das memórias mais angustiantes conquistou o território. Mas era em vão. Não tinha mais nada ali que pudessem se apossar.
Guilherme Fal apresenta “O Lago”, o terceiro volume da trilogia “Os Caminhos para Worldgreg”.
– Não podemos dar um diagnóstico precipitadamente. No entanto, pelos meus testes tudo leva a crer no que eu mais temia.– E o que você mais temia?– Bem, as células dele… Estão funcionando de uma forma bem ruim.– Mas é alguma doença? Há algo que possamos fazer?– Ai, ai. Se pensarmos que magia pode causar doenças, sim, ele está doente.– Oh, não pode ser.– Infelizmente, pode.– Essa doença está relacionada com o Poder?– Sem dúvida.
Minha visão, antes turva, já estava capaz de me trazer informações. Já podia dizer que estava normal. Meu corpo estava começando a possuir percepções e sensações. O capacete em minha cabeça parecia um recipiente de aquário ou um capacete de astronauta. O ambiente a minha volta estava longe de ser terrestre. Eu só via água. Acreditei, por isso, que eu estava submerso em algum mar ou lago.
– Não há empecilhos por motivo de estarmos submersos. Desenvolvemos tecnologias mágicas capazes de suportar e superar qualquer lei da física ou da química.– Confesso que estou impressionado! – afirmei.– Mas não fique tanto.Essa última frase da sereia Luyana me fez temer. Temi pelo desconhecido. Talvez se essas palavras fossem exclusivas para o determinado momento, não ficaria desse jeito. Entretanto, a expressão de sua face foi o motivo de tanto medo. Estávamos a sós e diante do novo mundo que me esperava. Com Luyana, não imaginava correr perigo. Acreditava estar seguro. Na verdade, eu havia me esquecido que estava perante uma sereia. Na realidade, eu havia esquecido que ela era, de certa forma, um monstro.– Patrick, eu… – ela não pôde concluir sua frase.Então, a feição que inicialmente havia começado a me assustar tomou contornos mais definidos. A sua beleza inegavelmente continuou. Bem, confesso que tivesse até aumentado. Porém, ela estava assustadora. Perfeita, mas maligna.Luyana tentou se recompor, mas só conseguiu dizer:– … Corra!
E mais uma vez o Mundo dos Gregs pareceu me chamar…
– O que nós fazemos é ir embora desse mundo. Seremos caçados até a morte.– Mas para onde vamos? – continuei a indagar.– O Lago de Lana é o local mais próximo daqui. Worldgreg, o mundo de onde você veio, é nosso destino agora.
Mas tudo estava diferente… Bem diferente…
– Reino Sem Fé? Ainda chamam esse lugar de “reino” aqueles que ainda têm um pouco de fé, garoto. Eu, infelizmente, não a tenho mais. Estou exausto – dizia ele ainda enquanto mais lágrimas escorriam de seus olhos suínos. – Vejo que você não é mais um garoto, Patrick. Tenho medo de pensar no tempo que já passou, pois esse pensamento pode me fazer lembrar de tudo que presenciei depois que vocês se foram.
E se a solidão tivesse se tornado o maior problema?Como enfrentar o medo de perder quem se ama?Como sobreviver ao desconhecido e ao incontrolável?Será que o maior dos poderes está sempre a favor de quem o domina?
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