Eu recomendo o livro "O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul" de Luiz Felipe de Alencastro, um livro essencial para aqueles que desejam entender como o Brasil se desenvolveu e se consolidou como nação desde os tempos coloniais. O autor oferece uma visão profunda e bem fundamentada desta história complexa, abordando questões como a escravidão, a religião e as relações interraciais nos séculos XVI e XVII. Ele descreve e explica os principais eventos e processos que levaram à formação do Brasil atual, destacando as contribuições dos índios, africanos e portugueses. Alencastro também oferece uma análise abrangente dos mecanismos de dominação e resistência desses três grupos, mostrando como eles se relacionaram e contribuíram para a formação do Brasil. Sua abordagem é clara e direta, e oferece um entendimento profundo da história da formação do Brasil. Este livro é uma leitura fascinante para todos aqueles interessados em entender as origens da nação brasileira e a formação de sua identidade.
Apesar de ser uma obra acadêmica, o autor consegue tornar a leitura acessível a públicos diversos. O livro está repleto de imagens, gráficos e ilustrações que ajudam a visão geral e a contextualizar os fatos. A escrita é fluida e os capítulos são bem divididos, permitindo a um leitor não-especializado ter um bom entendimento da história. No entanto, uma leitura mais detalhada do livro exigirá algum conhecimento prévio sobre história do Brasil, bem como alguns conceitos históricos mais avançados. Alencastro também inclui um glossário completo com os termos e conceitos mais importantes que são apresentados ao longo da obra.
Em suma, "O Trato dos Viventes: Formação do Brasil no Atlântico Sul" de Luiz Felipe de Alencastro é uma excelente obra sobre a história brasileira. O autor oferece uma compreensão detalhada das forças que levaram ao desenvolvimento e à consolidação do Brasil, destacando as contribuições dos europeus, índios e africanos. O livro é acessível a leitores de todos os níveis de conhecimento e oferece um rico conteúdo visual para ajudar na compreensão dos assuntos. Por essas razões, "O Trato dos Viventes" é uma leitura obrigatória para qualquer pessoa que deseje entender melhor a história do Brasil.
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Alencastro demonstra que a colonização portuguesa criou um espaço econômico e social constituído por uma zona de produção escravista, no litoral americano, e uma zona de reprodução de escravos, centrada em Angola. Esse sistema bipolar ainda marca profundamente o Brasil contemporâneo.
O padre Antônio Vieira escrevia: “Angola… de cujo triste sangue, negras e infelizes almas se nutre, anima, sustenta, serve e conserva o Brasil”. Em O trato dos viventes, o historiador Luiz Felipe de Alencastro mostra que a colonização portuguesa, baseada no escravismo, deu lugar a um espaço econômico e social bipolar, englobando uma zona de produção escravista situada no litoral da América do Sul e uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. Surge então um espaço aterritorial, um arquipélago lusófono composto dos enclaves da América portuguesa e das feitorias de Angola. O autor mostra como essas duas partes unidas pelo oceano se completam num só sistema de exploração colonial cuja singularidade ainda marca profundamente o Brasil contemporâneo. O Brasil colonial tem sido estudado da mesma maneira que a lua era observada antes dos vôos espaciais: do lado que reflete o sol, do lado de Portugal, da Europa. O trato dos viventes incorpora os eventos transcorridos em Angola à narrativa dos eventos brasileiros – é como descobrir o lado escondido da lua, a metade oculta da história do Brasil.“O domínio do autor sobre as fontes documentais e arquivísticas é impressionante, a escrita é por vezes brilhante e sobretudo provocativa. […] O trato dos viventes deve ser considerado uma grande obra, que mudou a forma de compreender a história do Brasil e de Angola, dando novo entendimento ao lugar e à importância do Atlântico Sul na história da escravidão.” — Stuart B. Schwartz, Slavery & Abolition
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