Review: "O Menino catador de pequi"

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Eu recomendo "O Menino catador de Pequi" de MSc. Francisco Brito. Esta é uma obra de ficção que, em meio ao contexto histórico, nos mostra a luta de um menino em busca de sobrevivência. Rafa é o protagonista desse livro, que vemos em grande parte da obra lutando para prover o próprio sustento.

Logo no início, temos um panorama real da vida de Rafa, que vive com seus pais e irmãos, sendo obrigado a trabalhar arduamente para ajudar a família. Apesar de sua vida diária ser difícil, ele encontra conforto e alegria em realizar o catar de pequi. O livro tem um enredo emocionante e criativo que vai nos prender desde as primeiras páginas.

Rafa encontra também um grande desafio ao começar seu trabalho: enfrentar a oposição de outras pessoas que querem aproveitar-se de sua situação. Ele, contudo, encontra forças para seguir em frente, mesmo diante de perigosas situações. Ao longo da obra, vemos como as relações entre Rafa e as outras personagens evoluem e também como o personagem se torna mais maduro e consegue encontrar novas formas de lidar com as adversidades.

Além disso, o livro contém muitas referências a costumes e crenças regionais do nordeste brasileiro, que nos permitem conectar com a cultura local. A escrita de MSc. Francisco Brito é descritiva e textualmente interessante, o que facilita a leitura e ainda nos ajuda a mergulhar na história de Rafa.

Em suma, "O Menino Catador de Pequi" é um livro muito importante para todos aqueles que querem conhecer mais a fundo a cultura nordestina e também para aqueles que querem entender como é a vida de alguém na busca pela sobrevivência. Eu recomendo fortemente a leitura desta obra.

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Pode um rapaz de 17 anos, que só conhecia o trabalho da agricultura, ao deixar a casa de seus pais adotivos e ir para uma grande metrópole vencer na vida honestamente? Ele terá chance de estudar numa universidade e se tornar doutor das leis?Chico Pelonha era um menino destemido, ele só tinha medo de gente morta. Ele cresceu vendo a dona Maroca conversando com as almas penadas debaixo do velho pequizeiro no quintal da casa da sua madrinha, dona Pelonha. Histórias mal-assombradas mostravam que gente que morreu podia se tornar um pesadelo na vida de qualquer pessoa viva, como dizia a dona Balbina, ex-freira que praticava o exorcismo em pessoas que tinham incorporados espíritos de quem morreu. Chico era filho de criação da Dona Pelonha, que o criava desde a tenra idade de quatro dias de nascido. Foi criado com todo mimo de mãe. A dona Pelonha tinha dois filhos adultos – João Pelonha e o Manuel Pelonha (o Cacoca, cuja alcunha recebida ainda nos tempos de menino). O Chico aprendeu com a sua madrinha que deveria ir viver no Rio de Janeiro para estudar e ser doutor Advogado. A dona Pelonha foi a sua mentora e orientadora para ele olhar o seu futuro sob lupa para não ficar trabalhando na roça, enchendo as mãos de calo, trabalhando com machado, foice e enxada, puxando cobra para os pés. O futuro pertencia a quem estudava e morava na cidade grande. O Chico era um menino resolvido e sem recalques. Pudera! Ele cresceu sob a égide do amor a si e ao próximo. Ele recebeu o codinome de “menino catador de pequi”, ainda muito cedo, por ele ser ligeiro na cata de pequi nas chapadas. Nem o sol tinha nascido e ele já se embrenhava nas chapadas da Caatinga, feito um verdadeiro catingueiro à cata de pequi maduro caído no chão. Aquele era um trabalho que ele fazia com gosto. Quando voltava da chapada trazia os jacás cheios de pequi nas cangalhas nos dois jumentos. Ele descarregava os pequis dos jacás, dava água aos animais e os soltava no pasto. E voltava correndo para se arrumar para ir à escolinha do Professor Possidônio, em Carnaubinha. Quando a sua madrinha morreu, ele foi embora, levando os ensinamentos que ela lhe ensinou de bom coração. Com ela, o Chico Pelonha tinha aprendido que um homem só é cidadão se souber ler, escrever, ter um diploma de faculdade e uma profissão. Mas nem tudo foi carinho e amor, ele apanhou muito do seu padrinho com cipó de Aroeira. Eram surras de deixar as costas do Chico marcadas, tantas eram as surras que ele levava; e, depois de lhe dar surras com cipó de aroeira, o Sr. João dizia, satisfeito: “Quem ama o filho, ama a vara. Um pai deve fazer uso da vara para corrigir o filho; e, dizia que as lapadas que ele dava no Chico era com ramas de vegetação, em vez de cinto ou chicote, era porque ele não queria machucar o seu filho adotivo, mas, sim, corrigi-lo, para quando ele crescesse, ele fosse um homem honesto, não mentisse, não roubasse nem matasse. E completava, dizendo: um menino não nasce pronto, ele é preparado desde criança para chegar à fase adulta sabendo o que é certo e o que é errado.O Chico Pelonha foi embora para o Rio de Janeiro, depois que a sua madrinha morreu. No Rio, ele foi balconista de padaria, vendedor de lojas de roupas feminina, modelo de moda masculina, graças a Flávia Marçal que era modelo de importantes grifes, com quem viera se casar. Formou-se em direito junto com a esposa e os dois passaram a advogar. Os dois viveram 51 anos casados, trabalhando juntos e se divertindo juntos. Os dois só se separaram com a morte da Flávia, tendo vivido juntos por 51 anos de casados. Chico Pelonha é hoje um senhor de 72 anos de idade. Colecionou diplomas e honrarias. Teve sete filhos: quatro homens e três mulheres. Hoje é um homem realizado. Tem dias que sente saudade do tempo que “o menino catador de pequi”. Mas sabe que irá se sentir estranho na sua terra, no lugar que o viu crescer. Prefere guardar as lembranças na memória do seu coração para lembrar de como ele fora feliz na sua infância.

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