O AUTO DA LAVADEIRA

O Auto da Lavadeira é o Feliz Natal Nordestino. Quem imaginaria o menino Jesus ter nascido por aqui, convivendo com os nossos costumes? Pensei nessa possibilidade; que o Grande Menino pudesse ter começado a vida nessa região. Afinal, o presépio tem características idênticas… até porque o curral, o cocho, os animais que O compõem: vaca, boi, ovelha, burro, bode, carneiro, galinhas e outros são “elementos” da tradição natalina que simbolizam o nascimento de Jesus; uma “maquete” nos levando para o passado, num presente que é o cotidiano do nosso sertão. Homens de olhares simples, amenos, calejados pela luta árdua de suas sobrevivências diárias sobre o chão seco e as mãos rústicas, conseguem arrancar da fé o pulso para as suas vidas. As mãos que aram a terra sob o sol ardente do dia, são as mesmas que, ao anoitecer, ecoam as suas ladainhas de agradecimento. São orações legitimadas de gratidão pelo árduo dia de trabalho, localizadas na imensidão de suas almas; apelos intensos para que ao amanhecer continuem firmes na labuta de enfrentar as suas dores e as dores do mundo.A lavadeira é Maria e o trabalhador da roça é José. São pessoas que traduzem a vida do Nordeste. Mais que fé; mais que luta, são rebanhos da vida que decifram o Natal. Mas, o nosso Natal Nordestino com as suas manifestações culturais: o bumba-meu-boi, o maracatu, os bacamarteiros, o caboclo de lança (representado por Jõjoão Batista, as pastoras, as cirandas, o cangaceiro, o matuto forrozeiro e os blocos de frevo.Não é um Natal diferente. Mas com requintes das nossas tradições. Uma transferência ambiental que conta a história de um homem e de uma mulher enraizados com os nossos princípios que trouxeram para a Terra, o Jesus de Nazaré. Filho de Deus que, coincidentemente é da pequena cidade de Nazaré da Mata.