Review: "Ina, a formiga de três patas: Para ler e pintar"

A história de Ina partiu de uma ideia que cultivava há algum tempo. De criar um herói/heroína completamente diferente daqueles(as) que somos acostumados a ver. Acredito que o “modelo” de herói/heroína forte e quase invulnerável provoca, em determinadas pessoas, a ideia de serem inferiores e a buscarem um ideal irrealizável. Nesse sentido, quando se vê um herói dos quadrinhos e no cinema, por exemplo, vemos pessoas fortes, altas, bonitas com o físico perfeito. É uma idealização do que seria a magistralidade, um amontoado de virtudes. Uma quimera.No entanto, estamos em um mundo imperfeito e, quase sempre os ideais de beleza física são confundidos com atributos heroicos. Nesse sentido, quis demonstrar que cada um, mesmo que se sentindo inferiorizado, pode ser um herói, basta querer. O heroísmo não advém de uma musculatura perfeita, mas sim da vontade de ser perfeito e virtuoso. Assim, neste livro quis demonstrar que as virtudes vêm do interior e não do exterior. Basta perceber quem foram os verdadeiros heróis e conquistadores na história. Há relatos que conferem a estatura de 1m50cm a Alexandre o Grande da Macedônia, Jesus Cristo não era um lutador no sentido restrito da palavra, Gandhi tinha 1m60cm e era magro, aparentando, dessa forma, fragilidade. Além desses, podemos citar muitos outros, mas não é o caso.Nesse sentido, quero passar para as pessoas que o verdadeiro herói só precisa ter a vontade de ajudar. Não há limitação física que nos impeça de sermos melhores, mais amorosos, mais virtuosos. Portanto, mesmo que você tenha alguma limitação física, seja discriminado ou sofra “bullying”, lute o bom combate. Não desista de se melhorar. Não se deixe abater. Não se compare aos outros. Você é o que deseja ser. Deseje ser o melhor que você pode e peça a Deus força para alcançar seus objetivos.Ademais, algumas pessoas me questionaram acerca da criação dos nomes. Achei interessante revelar o porquê de cada um deles. Ina vem de heroína, o que é condizente com a história pois ela, apesar de ter necessidades especiais – pois não possui uma das patas – consegue salvar sua comunidade. É uma altruísta acima de tudo. “Estra” deriva de mestra, pois foi quem advertiu Ina acerca de sua capacidade e de onde provinha sua força. Além disso, alguém reparou na bengala de Estra? Alguma ideia? Bom, é um fósforo. Alguns podem pensar: E dai? Bom, a luz se faz presente quando acendemos um fósforo no escuro não é? Mas não façam isso em casa e sem a presença de adultos! É muito perigoso brincar com fogo! Por sua vez, Jojô vem de anjo porque apareceu em um momento crítico onde Ina precisava de ajuda. E tia Mé? Essa eu batizei devido a São Tomé, pois, na história ela só acreditou na façanha que Ina Realizou, após ter visto com seus próprios olhos.Por fim, é bom explicar que as formigas, por serem insetos, possuem 06 (seis) patas. Todavia, com o intuito de “humanizar” as personagens, resolvi criar formigas com apenas 04 (quatro) membros – como se fossem dois braços e duas pernas. Isso para que o leitor se identifique com a personagem principal e “vivencie” suas dificuldades com maior facilidade. Ou seja, a intenção do livro é amenizar preconceitos e mostrar que, pessoas com necessidades especiais são tão capazes – ou mais capazes – que aqueles que nasceram sem nenhuma necessidade que limite sua locomoção e tarefas diárias – por exemplo. É mostrar que todos somos iguais, pois o que interessa é o que advém do interior, da nossa força interior e não do que aparentamos ser.Diante disso, espero que esta breve história seja útil para pessoas que em algum momento da vida se achem em dificuldade e acreditem – erroneamente – que não podem transpô-la. Tenha a clareza de que você pode tudo. Você é perfeito, filho de Deus. Portanto é um leão e não uma ovelha.
Sérgio Antônio Nogueira da Cruz SaldanhaAutor