Dilúvio sem Deus, de Joana Amaral Dias, é um livro que recomendo vivamente. Com uma narrativa precisa e capaz de agarrar o leitor desde o início, o livro nos transporta para o universo de um casal que vive em Portugal, em pleno Dilúvio. Esta é uma história de amor, de perdão, de luta pela sobrevivência e de esperança. A autora consegue transportar-nos para a realidade deste casal, fazendo-nos sentir os seus medos, desejos e esperanças.
A forma como a autora aborda a história é extremamente interessante. O livro é dividido em duas partes, cada uma contando a história de um personagem. A primeira parte aborda a história de Maria, que deixou o seu país durante o Dilúvio para encontrar o seu grande amor, João. A segunda parte conta a história de João, que está lutando para sobreviver e encontrar um modo de reencontrar Maria.
O livro é escrito de forma poética e muitas vezes tem uma qualidade quase catártica, despertando as nossas emoções e tornando-nos parte da história. O estilo de escrita é muito eficaz e realista, criando um cenário de desolação, mas também de esperança. A luta do casal para sobreviver é digna de toda a nossa admiração, e é muito bonito ver como eles, mesmo na mais inconcebível das situações, nunca perdem a esperança.
Este livro é um presente para quem o ler. A narrativa é fluida, as personagens são muito bem construídas e a história é profunda. Comovente e cheio de significado, este livro tem muito para nos ensinar. É uma obra que não se pode perder e que nos faz ver a realidade de outro ângulo. Por isso, recomendo vivamente a leitura deste livro.
Numa madrugada de Novembro de 1967, a população da grande Lisboa, desde Estoril e Oeiras até Alenquer e Vila Franca de Xira, passando por Queluz, Loures ou Odivelas, acordou em sobressalto e deu de caras com a morte e a destruição. Em algumas horas, caiu a chuva equivalente à de um mês inteiro. O nível da água do Tejo subiu quatro metros. Os cursos de água em redor de Lisboa transbordaram. De um momento para o outro, centenas de rios e ribeiros invadiram as ruas da capital e arredores.Pessoas, animais, barracas, automóveis, mobílias e destroços diversos foram levados pela água e engrossaram caudais mortíferos que levavam tudo à sua frente, afogando homens e mulheres, arrancando árvores, demolindo habitações. Embora as estatísticas da época de pouco valham, mais de mil pessoas terão morrido nessa noite. As maiores vítimas foram os que residiam em construções precárias e em barracas. Apesar dos esforços do governo de Salazar para ocultar a dimensão da tragédia, as Grandes Cheias de 1967 revelaram o atraso e a miséria em que se vivia no «país presépio» apregoado pelo ditador. Este Dilúvio sem Deus despertou a consciência social e política de estudantes, católicos progressistas e muitos outros portugueses e funcionou como a espécie de antecâmara para o derrube da ditadora, escassos sete anos depois.
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Autor: Joana Amaral Dias
