O livro “Da Panacéa para Hygéa – Crianças, mulheres e famílias no discurso médico – São Paulo, 1920-1930” de Tânia Soares da Silva é uma excelente leitura para quem deseja saber mais sobre o discurso médico no Brasil no início do século XX. A autora nos apresenta um estudo meticuloso e aprofundado sobre o assunto, abordando desde a construção dos discursos, até a forma como esses discursos influenciaram as condições de saúde da população. O livro também demonstra como as mudanças no discurso médico foram influenciadas por fatores socioeconômicos e culturais da época.
Este livro é uma verdadeira joia para aqueles que buscam compreender de forma mais profunda a história da saúde no Brasil e os fatores que levaram à transformação do discurso médico durante o século XX. A autora aborda de forma detalhada os aspectos clínicos, sociais e culturais que influenciaram o discurso médico da época, com destaque para a questão da saúde das mulheres e das crianças. Também é possível ver como o discurso médico foi influenciado e se adaptou aos novos contextos históricos.
Recomendo, portanto, que todos aqueles interessados na história da medicina no Brasil leiam este livro. O que a autora apresenta é uma verdadeira obra-prima, cheia de detalhes e de análises profundas, que demonstra como a medicina e o discurso médico foram capazes de se transformar e adaptar ao longo dos anos. É uma leitura importante, tanto para aqueles que buscam entender as origens do discurso médico no Brasil, como para aqueles que desejam saber mais sobre os diversos fatores que influenciaram e transformaram a saúde das mulheres e das crianças no século XX.
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O início do século XX foi marcado por uma série de questões que colocaram as crianças, em especial aquelas oriundas das classes populares, em evidência. Constroem-se discursos a seu respeito, bem como sobre suas famílias, que não se enquadravam no modelo preconizado, necessitando ser “recuperadas”. Investe-se em estratégias de disciplina, normalização e controle social; criminalizam-se atitudes dissonantes da moral social estabelecida e legitimada pelo aparato “científico”, cabendo à mulher papel de destaque nesse projeto. Ela organiza a família, sendo educada e educando conforme as regras da higiene. A proposta desta abordagem é analisar como se construíram e reafirmaram representações de crianças, mulheres e famílias. Vários foram os discursos que apareceram integrados nesse objetivo, no entanto, esta pesquisa concentra-se na análise das produções médicas, dando destaque à figura de Geraldo Horácio de Paula Souza e suas propostas à frente do Serviço Sanitário e do Instituto de Higiene, assim como suas conexões políticas nacionais e internacionais efetivadas no acordo com a Fundação Rockefeller. Com a criação dos Centros de Saúde e a formação de Educadoras e Visitadoras Sanitárias como estratégias para a efetivação de sua política de diagnóstico e intervenção nos modos de vida das classes populares, deu-se prioridade às ações relativas à infância, vista como fase da vida privilegiada para impressão dos valores e das sociabilidades que se pretendiam dominantes.
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