O livro "Confederalismo Democrático" de Abdullah Öcalan é uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada em entender o movimento curdo contemporâneo. O autor oferece uma análise profunda dos direitos dos curdos no contexto do Oriente Médio, bem como uma visão abrangente sobre o confederalismo democrático como solução para a questão curda. O livro possui conteúdos ricos, detalhados e minuciosos que ajudam a ilustrar as nuances relacionadas à questão curda e sugerir formas de abordar esse assunto complexo. A leitura do livro é uma ótima maneira de se familiarizar com a questão curda e desenvolver uma maior compreensão dos principais pontos de vista. Além disso, o livro oferece uma plataforma para o debate e a discussão entre pessoas de diferentes origens. Portanto, é uma leitura que agrega valor tanto para uma audiência mais ampla quanto para um grupo mais especializado.
Öcalan aborda temas complexos da questão curda, como as relações entre o Estado curdo e o Estado turco, o papel da ONU no processo de desenvolvimento curdo, os direitos humanos dos curdos e a relação dos curdos com outras minorias. O autor argumenta que o confederalismo democrático é a melhor solução para a questão curda, pois permite aos curdos a autonomia de criar seu próprio destino, seja em termos de governança, desenvolvimento econômico ou direitos humanos. Ele também argumenta que o confederalismo democrático, como proposto por ele, não colocaria em risco a soberania dos Estados vizinhos, mas sim seria uma solução para preservar a paz na região do Oriente Médio.
O livro de Öcalan é uma leitura obrigatória para os estudiosos de questões curdas e do Oriente Médio, bem como para aqueles que desejam expandir sua compreensão sobre o assunto. Além das informações detalhadas sobre o assunto, o livro oferece uma variedade de exemplos de como o confederalismo democrático pode ser aplicado na prática. A leitura do livro também ajuda a compreender o contexto histórico, social e político que cerca a questão curda. Portanto, é uma obra de leitura essencial para aqueles interessados em desenvolver uma maior compreensão da questão curda e sugerir soluções para o problema.
Para os que ainda remetem o conceito de sociedade contra o Estado de Pierre Clastres a circunstâncias duplamente anacrônicas e duplamente locais— as sociedades “primitivas” da Amazônia indígena votadas à extinção (supunha o próprio Clastres), de um lado, e a convulsão libertária do pensamento euro-americano dos longínquos idos de 68, de outro —, este livrinho de Abdulah Öcalan sobre o projeto-em-ato de uma confederação democrática curda serve como evidência contundente de sua radical contemporaneidade, sua potência de deslocamento, melhor dizendo, de relocalização múltipla. Em uma trajetória que se vai progressivamente se disseminando no seio dos, estes sim, anacrônicos dogmas da esquerda dita comunista, Öcalan, líder do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), originalmente de orientação marxista-leninista, dá testemunho do abandono definitivo da confiança na forma-Estado como solução viável para qualquer verdadeira sociedade democrática no mundo de hoje (e amanhã). O esboço de uma forma de organização coletiva de larga escala — o milenar “enclave” curdo no Oriente Médio (mais seus milhão e meio de membros em diáspora) — coletivo que, situando-se geopoliticamente entre quatro Estados “nacionais”, funciona segundo princípios e processos que conjuram a forma-Estado, dada a articulação constitutiva (e constituinte) dessa forma — em sua encarnação mais acabada, o Estado-nação moderno — com o capitalismo mundial, mostra que o célebre mote “a imaginação no poder” dos muros de 68 se traduz na prática política do Confederalismo Libertário como “a imaginação contra o poder”: uma outra imagem da organização política dos povos, onde o conceito de poder se vê radicalmente separado do Estado. Menos que Clastres, entretanto, é o “comunalismo” e o “municipalismo libertário” de Murray Bookchin, ativista e pensador pós-anarquista (e, antes, pós-sindicalista, pós-comunista) norte-americano, ainda pouco conhecido entre nós, que servem de inspiração maior para a virada radical de Öcalan na direção de um conceito não-nacionalista de nação, uma nação multicultural, multiétnica, organizada pelo princípio da autonomia confederada em todos os níveis do coletivo. – Eduardo Viveiros de Castro
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Autor: Abdullah Öcalan
