Conceitualização da Dor

Este artigo tem como objetivo contribuir para uma melhor conceituação da dor e do sofrimento, fornecendo definições não essenciais e não naturalistas de ambos os fenômenos. Contribuições da medicina clássica baseada em evidências, a virada humanística na medicina, bem como a fenomenologia e as teorias narrativas do sofrimento e da dor, juntamente com certas concepções da pessoa além delas (a dicotomia mente-corpo, a ideia de Cassel de pessoas como “seres intactos”) são criticamente discutidas com tal propósito.MétodosÉ utilizada uma metodologia filosófica, baseada na revisão da literatura existente sobre o tema e na argumentação em favor do que são encontrados como melhores definições de sofrimento e dor.ResultadosA dor pode ser descrita em termos neurológicos, mas a consciência cognitiva, a interpretação, as disposições comportamentais, bem como fatores culturais e educacionais têm uma influência decisiva na percepção da dor. Propõe-se que o sofrimento seja definido como uma experiência desagradável ou até mesmo angustiante, afetando severamente uma pessoa em um nível psicofísico e existencial. Dor e sofrimento são considerados desagradáveis. No entanto, as definições fornecidas não incluem a ideia de que a dor e o sofrimento podem atacar e até mesmo destruir o eu nem a ideia de que eles podem expandir construtivamente o eu; ambas as perspectivas podem b e igualmente úteis para o gerenciamento da dor e do sofrimento, mas não estão definindo características do mesmo. Incluir a dimensão existencial na definição do sofrimento destaca a relevância do sofrimento na vida e seu efeito sobre o próprio apego ao mundo (incluindo a gestão pessoal, ou as influências culturais e sociais que o moldam). Propõe-se uma compreensão das experiências de vida de dor e sofrimento, o que significa que elas são consideradas aspectos da vida de uma pessoa, e o eu é a soma em constante mudança dessas (e outras) experiências.ConclusõesAs definições fornecidas serão úteis para a identificação da dor e do sofrimento, para a discussão de como aliviá-las e para uma melhor compreensão de como elas são expressas e vivenciadas. Eles estabelecem as bases para novas pesquisas em todas essas áreas, com o duplo objetivo de a) evitar erros epistemológicos e injustiças morais, e b) destacar as limitações da medicina no tratamento do sofrimento e da dor.