Eu recomendo "Cinco estrelas: Pequena biblioteca de contos pornográficos" de A. Nódoa Bitter para aqueles que estão procurando uma leitura divertida e provocadora. O livro contém cinco contos pornográficos escritos com o objetivo de tornar o leitor ciente dos costumes sexuais e das práticas sexuais contemporâneas. Os contos são escritos de uma forma engraçada e criativa, que os tornam leves ao mesmo tempo em que desafiam os leitores a pensar sobre o que é aceitável e o que é inaceitável no mundo. Os temas abordados no livro são variados, e abrangem desde relacionamentos lésbicos até relações abusivas, passando por swing e kink, e são todos tratados de forma realista e inteligente. Os contos são escritos numa linguagem acessível e bem-humorada, e os leitores podem facilmente se identificar e se divertir com os personagens. Além disso, os contos são seguidos por uma seleção de poemas e ensaios que complementam os contos, permitindo que os leitores explorem novas perspectivas sobre as relações humanas.
Em suma, recomendo o livro "Cinco estrelas: Pequena biblioteca de contos pornográficos" por ser divertido, intelectualmente estimulante e provocativo. Os contos são divertidos e engraçados, temáticas interessantes e personagens divertidos e bem escritos. Além disso, os poemas e ensaios incluídos ajudam a complementar os contos e fornecem novas perspectivas sobre as relações humanas. Se você estiver procurando uma leitura divertida e provocativa, esta é a leitura certa para você.
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Segundo conto da Pequena biblioteca de contos pornográficos, “cinco estrelas” relata um trajeto peculiar de um motorista de aplicativo: o transporte de um casal exibicionista pela noite de Belo Horizonte. Que eles ousarão fazer? Como ele irá reagir? Assim como em “a partilha”, o primeiro conto da série, o estilo cru, direto e obsceno de A. Nódoa Bitter explora as fantasias que transitam em torno da intimidade com estranhos, do afeto com desconhecidos.
“O casal aparenta ser simpático, dá boa noite, e sentam-se os dois atrás, ela no meio do banco, ele no lado oposto ao meu, de modo que pelo espelho é possível estabelecer contato visual. Seguem as perguntas de praxe: sigo o GPS? Ligo o ar? Preferem alguma rádio? E as respostas, igualmente de praxe: sim, por favor, não, não é preciso, com a janela aberta entra um vento gostoso, pode deixar na que está. Quando o cliente senta atrás, o que ocorre na maioria das vezes, este é todo o diálogo que ocorre. O motorista resigna-se então à sua invisibilidade, como se fosse uma espécie de piloto automático, uma máquina que oferece trajetos. Mas nunca antes havia me sentido tão invisível, e, paradoxalmente, tão presente. O homem era um moreno claro, cabelos um pouco cacheados, com uma roupa alegre, um tanto colorida. Calça listrada de algodão, daquelas de loja indiana, camiseta meio hippie, tie dye. Corpo bem definido, ombros largos, destes cuja autoestima transborda. Eu, um tanto mais magro, um tanto menor, com uma idade tão próxima que não saberia dizer se sou mais velho ou mais novo, senti certa inveja: aquele rapaz deve fazer sucesso com as mulheres. A prova maior disso estava ali, ao lado dele: uma garota ruiva, com uma pele alva, sardas nas bochechas, olhos claros, provavelmente verdes. Um corpo que parecia lutar contra o vestido tomara-que-caia, tão magenta quanto ela, excessivamente justo para um peito farto. Dizer que o trânsito pararia para vê-la atravessar é exagero, mas certo é que ninguém fica indiferente aos cabelos rubros em corpo esbelto, seja por sua raridade, seja pelo contraste de sensualidade e inocência que o conjunto revela. A dúvida, no entanto, me assolou: será ruiva de verdade? Tinha toda a pinta, mas só haveria um modo de descobrir, pensei maliciosamente, contendo um leve riso que a ideia provocou e que fez meus olhos buscarem, no espelho, por suas pernas.”
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Autor: A. Nódoa Bitter
