Eu recomendo o livro "Castilho e Quental: Reflexñes sobre a actual questào litteraria" de Augusto Malheiro Dias. Trata-se de uma análise detalhada dos escritores portugueses Castilho e Quental, assim como da influência que eles tiveram na literatura portuguesa. O autor também aborda com profundidade as principais questões que afetam a literatura portuguesa contemporânea.
O livro é escrito de forma clara e objetiva, de maneira a torná-lo acessível a qualquer leitor. Dias fornece uma abordagem histórica sobre os escritores portugueses, assim como uma análise aprofundada da crítica literária. Ele destaca as contribuições de Castilho e Quental para a literatura portuguesa e explica como elas afetaram o restante da literatura da época.
O livro também aborda o papel das revistas literárias na luta pela liberdade de expressão em Portugal. Dias destaca a importância das publicações literárias como o "Obras e Notícias" e o "Portugal Contemporâneo", que foram cruciais para a preservação da liberdade de expressão.
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Na Carta ao Editor Pereira, que precede o Poema da Mocidade, o snr. Castilho fulminou a escola de Coimbra com um despiedoso anathema, que veio levantar uma grande procella no mundo litterario. Causou isso estranheza. Ha muito que em Portugal nào havia tempestades litterarias; bonanäa e calmaria constantes permittiam seguir todos os rumos, vogar pelo vasto oceano das lettras sem que impetuosas correntes, ventos contrarios ou perigosos parceis estorvassem a passagem. Escondçra a critica as suas agudas garras; sobre as ruinas da imparcialidade levantÞra-se orgulhosa a escola do elogio-mutuo, apoiando-se nas theocracias litterarias. Aplanaram-se todos os caminhos, arredaram-se com carinhoso disvelo as saräas agudas e os asperos seixos, tapetaram-se de flðres os inhospitos desvios, coroaram-se de louros todas as frontes e elevaram-se ao Capitolio todos os escriptores. Desapparecçra o fel, o odio e a inveja, e os thuribularios do elogio-mutuo entornaram o mel do Hymetho sobre todas as obras, sobre todos os escriptos. A baba immunda{6} de Bavio fðra condemnada ao ostracismo. Era bom? era mÞo? nào sei:…se as tempestades nào fecundam o oceano, fecundal-o-hào a bonanäa e a calmaria? Desencadeou-se alfim a procella; ergueram-se altas serras d’agua e cavaram-se fundos abysmos. Revolveu-se Encælado nos seios da montanha, e desentranhou-se o vulcào em ardente lava. Os odios adormecidos, as rivalidades mascaradas, os despeitos mesquinhos, despertaram do longo somno, arrojaram os mantos que os acobertavam e estào face a face, provando as foräas e os brios. As armas de cortezia foram postas de parte, vestiram-se os arnezes de prova, empunharam-se as espadas aäacaladas, travou-se a lucta, renhida, desapiedada, terrivel, e para aquelle que ficar vencido no campo da batalha, nào haverÞ perdào nem misericordia. Ç odio de familia, o peior de todos os odios, que lhes guia os fundos golpes. Sào dois os campeñes que se avanäam ousados a perturbar a paz; um, cheio de mocidade, de vida e de fogo, o outro velho e cego…cego!…mas nào importa: a experiencia, equiparando as foräas, supre o valor da mocidade; a sciencia da vida, o esforäo nào inferior ao do mancebo, igualam os annos, equilibram as probalidades da victoria. Qual serÞ o resultado da lucta? Qual serÞ o vencedor e qual o vencido? FicarÞ a pendencia por decidir? Julgo que sim; sï se algum Brenno audaz vier lanäar a sua espada na balanäa da contenda…mas a raäa dos Brennos estÞ extincta
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