Eu recomendo muito o livro "Cães de guarda: Jornalistas e censores, do AI-5 à Constituição de 1988", de Beatriz Kushnir. Trata-se de um livro detalhado e minucioso que aborda o tema da liberdade de imprensa desde o AI-5 (Atos Institucionais) até a promulgação da Constituição de 1988. A obra inclui relatos de jornalistas que viveram a ditadura militar e relatam como a censura afetou o jornalismo brasileiro. Além disso, o livro contém entrevistas com personalidades importantes, como censores militares, que ajudam a contar um dos lados da história da censura e também à compreensão do papel da imprensa naquele período.
A escrita de Beatriz Kushnir é clara, direta e elegante. Ela aborda o tema de uma forma acessível a todos os leitores, por mais que não tenham conhecimento prévio sobre o assunto. O livro é bem estruturado, com informações importantes e interessantes, além de muitas análises ricas e interessantes para quem busca um conhecimento mais profundo sobre o tema.
Em suma, o livro de Beatriz Kushnir é uma leitura importante para qualquer pessoa interessada em entender melhor a história da liberdade de imprensa no Brasil. É uma obra indispensável para aqueles que desejam estudar a história da censura imposta à imprensa brasileira durante a Ditadura Militar.
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A investigação, cuidadosa e inovadora, reconstrói em grande parte o universo dos próprios censores, por meio de extensas entrevistas tanto com esses, como com vários jornalistas. Traz à tona, portanto, a fala desse grupo conhecido pelo uso do lápis vermelho e da tesoura e sua face pouco vislumbrada.
Doutora em História Social, Beatriz Kushnir lança, nos 40 anos do golpe de 1964, livro nascido de intensa pesquisa sobre um dos aspectos fundamentais do regime militar: sua relação com os órgãos de imprensa, da censura à colaboração. “O objetivo é iluminar um território sombrio e desconfortável: a existência de jornalistas que foram censores federais e que também foram policiais enquanto exerciam a função de jornalistas nas redações”, explica Beatriz na introdução do livro.
A pesquisadora explora a formação, as bases jurídicas e as diretrizes que orientavam o trabalho da censura, baseando-se em extensa pesquisa documental, além de entrevistas, inclusive com onze censores – aspecto inédito – cujo trabalho era “filtrar”, na imprensa e nas artes, o que incomodasse o regime não só no campo político, como também na cultura e até no campo da moral. Outro foco do trabalho é a cumplicidade da imprensa, especialmente da Folha da Tarde – veículo onde trabalhavam vários militantes de esquerda até a época em que o jornal ficou conhecido como Diário Oficial da Oban (Operação Bandeirantes) – com o regime militar e seu aparelho repressivo: os diretores do jornal eram ao mesmo tempo funcionários da polícia, reconhecidamente. Eles mesmos confirmam em entrevistas.
O livro toca num tema delicado, e indiretamente critica historiadores de renome que fazem a história da imprensa “esquecendo” o caso da FT. Cães de guarda explora os limites entre a censura, a auto-censura dos jornalistas e a complicada convivência entre governo e imprensa durante a ditadura militar.
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Autor: Beatriz Kushnir
