Brasil Provincial

Grande parte dos historiadores brasileiros, entre eles Frei Vicente do Salvador e Varnhagen, prefere encarar a expansão portuguesa como uma saga heroica daqueles que representavam a civilização. Entretanto, um exame profundo da evolução histórica revela que o contato entre povos tão diferentes foi um processo doloroso. A conquista do Nordeste, bem como a de todo o território brasileiro, só foi possível graças ao extermínio dos naturais da terra e à desestruturação tribal. Varnhagen afirmou que a extinção do índio, no Norte, foi provocada, antes de tudo, por uma sucessão de cruzamentos raciais do que pelo extermínio, mas os fatos falam por si. O padre Vieira reconheceu que a população indígena do Maranhão diminuiu em 2 milhões entre 1615 e 1652, por causa das guerras e das epidemias, ambas trazidas pelos “agentes da civilização”. Ele escrevia em 1678: “Com a mesma certeza se Deus supor, que os mesmos índios, que tão necessários são, já os não há, por estarem todos os sertões açoitados e despovoados em distância de trezentos e quatrocentas léguas, e os poucos que se poderão ainda descobrir estão tão escandalizados do mau tratamento dos portugueses e tão desenganados de se lhes não guardar o que lhes promete e das tiranias com que eles se tem usado, que será muito dificultoso arrancá-los de suas terras […]” (apud HOONAERT, 1992b: 405) Os próprios Anchieta e Nóbrega, que tanto defenderam o projeto de expansão portuguesa como algo vital para a disseminação da catequese indígena, enfatizaram: Anchieta – “[…] Donde bem se mostra o grande castigo de Deus dado por tantos insultos como são feitos e se fazem a estes índios, porque os portugueses vão ao sertão e enganam a esta gente, dizendo-lhes que venham com eles para o mar e que estarão em suas aldeias como lá em sua terra e que seriam seus vizinhos. Os índios crendo que é verdade, vêm-se com eles e os portugueses por se os índios não arrependerem lhes desmancham todas as suas raças e assim os trazem, e chegando ao mar os repartem entre si, uns levam as mulheres, outros os maridos, outros os filhos e os vendem”. (CAPISTRANO DE ABREU, 1998: 79) Nóbrega – “Uma coisa nos acontecia, que muito nos maravilha a princípio e foi que quase todos os que batizamos, caíram doentes, quais do ventre, quais dos olhos, quais de apostema; e tiveram ocasião os seus feiticeiros de dizer que lhes dávamos a doença com a água do batismo e, com a doutrina, a morte”. (RIBEIRO, 1986: 29)

Resenha:

Eu recomendo o livro "Brasil Provincial" de Adeilson Nogueira. Como um livro sobre o Brasil colonial, o livro tem o poder de trazer o passado à vida. Nogueira usa fontes históricas notáveis, muitas vezes desconhecidas, para contar a história de como o Brasil foi moldado, a partir do descobrimento português na costa até a abolição da escravatura no final do século XIX. Ele desenvolve um argumento convincente de que, antes da independência, o Brasil era, na verdade, um estado provincial, porém, com as ações dos governantes e da sociedade, tornou-se um país único.

A análise histórica de Nogueira é profunda e detalhada, mas ainda acessível, e ele ilumina como a economia, as culturas e as crenças dos colonos portugueses e outros grupos misturou-se com as culturas indígenas e africanas para criar o que é o Brasil atualmente. Ele trata especificamente de como o Brasil mudou ao longo do tempo, através da expansão dos colonos portugueses, da rebelião de escravos e do crescimento da economia.

Além do seu trabalho de pesquisa meticuloso, Nogueira oferece também reflexões profundas sobre o legado da escravidão e a violência contra as mulheres no Brasil colonial. Ele destaca especificamente como as mulheres foram marginalizadas e as formas pelas quais isso afetou a sociedade ainda hoje. Ao longo do livro, ele observa como os eventos históricos estão interligados e como pessoas de diferentes estratos da sociedade se relacionam.

É um livro realmente interessante e instrutivo para qualquer um interessado na história do Brasil. A escrita de Nogueira é clara e perspicaz, e ele aborda os assuntos de uma maneira que os torna acessíveis para o leitor. O livro oferece uma visão do país, seu passado e sua cultura, que é indispensável para entender melhor o Brasil moderno. É uma leitura obrigatória para qualquer um que deseje conhecer a história do país.

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