Eu recomendo, fortemente, o livro "As Muitas Faces da Jurema: de espécie botânica à divindade afro-indígena" de Clarice Novaes da Mota. Este livro é um estudo profundo sobre a planta Jurema, em suas muitas formas, desde a botânica até a divindade afro-indígena.
O livro é bem documentado e tem muitas informações sobre a Jurema, seu significado e sua história. Clarice Novaes da Mota faz um trabalho meticuloso para nos dar uma visão abrangente da planta, bem como de seu papel na cultura afro-indígena. Ela também mostra como a relação entre as culturas africana e indígena foi reforçada na história brasileira, através do uso da Jurema.
Eu particularmente gostei do modo como a autora aborda o tema, explicando e criando ligações entre as diversas formas da planta e a cultura brasileira. Ela também destaca a unidade entre as culturas africanas e indígenas, provando que a Jurema desempenha um papel essencial na conexão entre elas.
O livro é escrito de maneira clara e direta, com uma narrativa envolvente que mantém o leitor interessado. Além disso, a autora fornece informações importantes sobre a história do Brasil e da cultura afro-indígena.
Eu recomendo este livro a todos aqueles que desejam conhecer mais sobre a botânica, a história e a cultura brasileira. Ele tem a capacidade de ampliar o conhecimento a respeito destes assuntos, possibilitando ao leitor mergulhar de cabeça no mundo da Jurema.
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Muitos são os autores da jurema, assim como suas faces. Neste trabalho, reunimos um grupo notável de pesquisadores e cientistas brasileiros que já escreveram ou estão escrevendo sobre os fenômenos sociais e biológicos em torno do uso e conhecimento da jurema, especialmente no nordeste brasileiro. Todos os textos baseiam-se em pesquisas originais, com trabalhos de campo que validam os dados resultantes. Apesar do lado interpretativo que é essencial em qualquer trabalho primordialmente etnológico, verifica-se através de cada texto, que os autores se esmeraram no levantamento e análise dos dados e, assim sendo, foram capazes de chegar a traçar quadros sobre a realidade brasileira que inclui a jurema e que são extremamente semelhantes. Uma das coisas mais fascinantes que acontece ao se ler este conjunto de trabalhos é se deixar levar por um sentimento de deja vu, um estado de consciência através do qual nos dizemos freqüentemente que já havíamos lido, pensado e até mesmo vivido o que o autor a nossa frente nos diz. Isto tudo porque, apesar das muitas diferenças de linguagem, abordagem e origem social, existem e coexistem paradigmas sociais centrados na jurema que são semelhantes por terem sido criados ou recriados pelas mesmas raízes ancestrais da sociedade brasileira, com todas suas contradições e paradoxos, demonstrando que os atores sociais atravessam os mesmos caminhas em busca de suas identidades étnicas e nacionais, de seu pensar sobre a vida e o mundo.
“Com certeza não descobri a jurema, mas a jurema me descobriu. Como bem disse o pajé Kariri – Francisco Suíra – ela me mostrou muito mais do que o céu e a terra: ele me mostrou o Brasil místico e mistificado, de personagens do imaginário popular, tanto do sertanejo como do urbano atual mais pós-moderno. Ela me enriqueceu como o conhecimento de um grupo de gente que admitia ser “diferente”, que admitia ter um “poder” só alcançado através do enteógeno conhecido como jurema.” (Clarice N. Mota).
“A jurema, portanto, é mais do que uma planta: é representação, divindade, mulher, vinho. Assim sendo, todo um conjunto de crenças se lhe encontra associado. As plantas denominadas jurema ocupam, com efeito, um papel destacado na flora nordestina pela referência mágico-religiosa. No passado, foi condenada pelo colonizador europeu por ser considerada um perigoso ingrediente do qual se fabricava filtros demoníacos. Atualmente aparece na memória coletiva como a planta mágica capaz de conduzir o ser humano a experiências transcendentais que seriam, no entender dos não-iniciados aos cultos da jurema, como inimagináveis.” (Ulysses P. Albuquerque).
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