Recomendo o livro "A Sociedade contra o Estado" de Pierre Clastres como um importante trabalho de pesquisa na história das relações entre o Estado e o povo. Nesse livro, Clastres aborda como antigas sociedades organizavam-se para resistir à imposição de estruturas de Estado. O autor nos mostra como o Estado era visto como um mal necessário, cuja imposição era resistida e limitada permanentemente. Esse trabalho é essencial para entendermos como os povos das sociedades tradicionais se organizavam e resistiam à dominação.
O livro é bem escrito, e suas análises são profundas e ricas. O autor usa muitos exemplos das sociedades indígenas da América do Sul para nos mostrar as diversas formas de resistência à imposição de estruturas de Estado, como o controle da população por meio do trabalho, o uso de um sistema de reciprocidade, a limitação do poder dos líderes e outras. Esta obra é muito importante para nos ajudar a compreender essas sociedades tradicionais e suas resistências à imposição de estruturas de Estado.
O livro de Clastres também nos oferece uma reflexão sobre o que significa viver em uma sociedade livre. Nesta obra, o autor nos mostra como os povos indígenas resistiam à dominação e impunham limites ao poder dos líderes. Essa resistência significa que as estruturas políticas não eram necessariamente hierárquicas e autoritárias, mas sim que eram construídas pela resistência e resistência.
Eu recomendo fortemente o livro "A Sociedade contra o Estado" de Pierre Clastres para todos aqueles interessados em compreender e refletir sobre o passado e o presente das relações entre Estado e povo. Esta obra nos abre a porta para importantes reflexões sobre o que significa viver em liberdade e resistir à dominação e imposição de estruturas de Estado.
O poder nem sempre é exercido numa relação hierárquica de dominação e submissão – esta é a tese desenvolvida por Pierre Clastres neste que é um dos mais importantes trabalhos de antropologia política do século XX. Os onze artigos, publicados entre 1962 e 1974, fazem uso do arcabouço teórico desenvolvido por autores franceses como Claude Lévi-Strauss, Michel Foucault. O autor se baseia em estudos etnológicos e em sua vivência com populações indígenas da América do Sul para formular um novo conceito de política. O livro foi uma referência importante no argumento de Mil platôs, de Gilles Deleuze e Félix Guattari.
De acordo com a visão corrente na época, as sociedades primitivas seriam desprovidas de uma esfera política por não apresentarem formas de exercício de poder iguais às ocidentais – isto é, as relações hierarquizadas e autoritárias de comando-obediência que normalmente são associadas ao Estado. O autor reivindica uma revolução copérnica que liberte a antropologia desta postura etnocêntrica e possibilite uma interpretação mais ampla das relações de poder, abrindo o caminho para o estudo da política nesses povos. Ao analisar as características da posição do chefe, Clastres defende que a ausência de Estado não é casual. Ao contrário, as sociedades primitivas fazem um esforço ativo de regular as interações do chefe com o grupo, estabelecendo os parâmetros segundo os quais as trocas ocorrerão. Clastres propõe uma inversão da lógica marxista segundo a qual o poder de poucos sobre muitos deriva da desigualdade social; defende, ao contrário, que a desigualdade é uma consequência da atribuição de um poder autoritário a um grupo dominante. Assim, em oposição ao conceito de sociedade sem Estado, ele propõe o de sociedade contra o Estado: sociedades que atuam impedindo a conversão do poder do chefe em autoritarismo.
A coleção Argonautas traça uma linhagem do pensamento antropológico que tem como centro de força o estruturalismo de Claude Lévi-Strauss.
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Autor: Pierre Clastres
