Eu recomendo o livro "A gestão dos supérfluos: neoliberalismo e prisão-depósito" de "Carlos Eduardo Figueiredo". O livro aborda o debate sobre o caráter repressivo dos sistemas penais modernos, com ênfase na ênfase na criminalização dos deserdados do capitalismo e sua gestão por meio de processos de prisão-depósito. Ele analisa os efeitos dessa gestão e as experiências de prisão-depósito na América Latina, com foco nas políticas de segurança, execução penal, punição e gestão das fronteiras.
O livro oferece uma visão ampla e abrangente sobre como os sistemas penais capitalistas excluem e marginalizam os grupos sociais mais vulneráveis, gerando uma cultura de prisão-depósito e destruição da vida de milhares de pessoas. Ele examina a lógica econômica dos sistemas penais, bem como seus efeitos sobre a produção, a distribuição e a reprodução dos capitais sociais. Além disso, o autor discute as relações entre as classes e os sistemas penais, bem como os meios utilizados para controlar a resistência e a luta pela justiça.
Ao ler o livro, você ficará impressionado com as análises profundas e detalhadas sobre os problemas atuais da criminalização e da prisão-depósito no contexto latino-americano. O livro aborda questões importantes, como o papel da mídia, a legitimidade do uso da força, a influência do neoliberalismo e a complexidade das relações entre justiça penal, políticas sociais e cidadania. Além disso, a obra destaca a necessidade de se construir novas formas de resistência e de luta pela justiça.
Eu recomendo fortemente que você leia este livro. É um livro excelente e aborda muitos assuntos importantes, que ajudarão você a compreender melhor a realidade da criminalização e da prisão-depósito na América Latina. É uma leitura obrigatória para aqueles que querem entender o contexto atual de criminalização e punição em nosso continente.
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Uma detalhada reportagem do Los Angeles Times sobre a penitenciária de Pelican Bay, na Califórnia, há três décadas, chamou a atenção de Zygmunt Bauman, que na época andava lendo Pierre Bourdieu, Loïc Wacquant e Nils Christie. O filósofo da modernidade líquida percebeu claramente o reflexo das transformações econômicas nas funções e no estilo da pena privativa de liberdade. As velhas mentiras preventivo-especiais (que eram mentiras, porém impediam uma gestão prisional conformada com o sepultamento em vida do condenado) eram abandonadas mais ou menos explicitamente em favor de uma execução neutralizante. Agora, pontuava Bauman, "o confinamento é antes uma alternativa ao emprego, uma maneira de neutralizar parcela considerável da população que não é necessária à produção". Começava a sair de cena a prisão-fábrica, substituída pela prisão-depósito, sobre a qual Carlos Eduardo Figueiredo compartilha sua experiência e sua reflexão.O trabalho contempla a "clara transformação" pela qual o sistema penal brasileiro vem passando, não só inscrevendo-a no quadro da macroeconomia neoliberal, mas também observando as subjetivações que se impõem a partir da "lógica concorrencial", da cotovelada por espaço como pedra fundamental da sociabilidade humana. A crítica do autor à realidade das execuções penais no Brasil traz a legitimidade de quem, por mais de uma década, exerceu judicatura precisamente nesse campo. Ele assinala, certeiramente, o excesso de prisões provisórias como "característica central de política criminal fundada no risco"; pois, após a Índia e ao lado da Turquia e do México, estamos na casa dos 40% de presos provisórios, dos quais algo em torno de dois terços são de suspeitos ou acusados pretos.O fato de provir estudo tão qualificado de um magistrado é também motivo para saudá-lo. Nesses tempos sombrios, setores poderosos da mídia empreendem uma curiosa divisão dos juízes entre garantistas (como se algum juiz pudesse desconsiderar as garantias individuais) e punitivistas. Criou-se uma mística do juiz truculento e policialesco, que nem o advento de luz sobre os porões da Lava Jato conseguiu diluir. Com este trabalho, Carlos Eduardo Figueiredo não só se legitima academicamente, como também ingressa no grupo de juízes comprometidos com as transformações sociais e econômicas de que nosso povo tanto necessita.Nilo BatistaLeia mais
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