
A cidade sitiada
Esse detalhe íntimo poderia ser supérfluo caso A cidade sitiada não estivesse tão completamente entrelaçado com a vida da autora, que padecia em Berna, a mesma “solidão vazia” e a mesma angustiosa melancolia que sua personagem, Lucrécia Neves, sofria no subúrbio de São Geraldo. Em outra carta, Clarice afirmou: “É ruim estar fora da terra onde a gente se criou, é horrível ouvir ao redor da gente línguas estrangeiras, tudo parece sem raiz; o motivo maior das coisas nunca se mostra a um estrangeiro, e os moradores de um lugar também nos encaram como pessoas gratuitas.” Foi esse sentimento de absoluto não pertencimento, de total estranhamento e mútua desconfiança que Clarice transpôs para Lucrécia, fazendo-a tão sem graça quanto as jovens suíças, “de cara séria, sem vaidade”, que só conseguem ser “engraçadinhas no verão”. Da mesma forma que ela metamorfoseou a bela, encantadora e quase milenar capital suíça, tombada pela Unesco, no feio, desolado, insípido e atrasado subúrbio de São Geraldo, predestinado a se tornar ainda pior à medida que o “progresso” o vai desfigurando ao final da narrativa.
Lucrécia é uma mulher mais inteligente e ambiciosa do que todos aqueles que a cercam, uma força da natureza que não aceita ser sitiada e asfixiada pela mediocridade imperante. E, como bem observou a escritora Rachel Gutiérrez: “Este livro, que Santiago Dantas considerou ‘denso e fechado’, é um ponto de mutação, que já anuncia na obra de Clarice Lispector a extraordinária liberdade criativa de Laços de família e de A maçã no escuro.
Resenha:
Recomendo o livro "A Cidade Sitiada" de Clarice Lispector. Esta obra revela a profundidade e a beleza das palavras da autora. Lispector consegue criar personagens complexos com suas emoções e pensamentos, o que torna o livro ainda mais interessante. A trama segue os personagens principais, Heloísa e Carlos, como eles lutam para sobreviver e encontrar um lugar seguro, mesmo vivendo numa cidade assolada pela guerra. Seus sentimentos e desejos são descritos de forma precisa e poética, desafiando a ideia de que a guerra é necessária para a sobrevivência. Clarice Lispector escreve com profundidade e emoção, e "A Cidade Sitiada" é um ótimo exemplo disso. O livro possui um ritmo lento, mas é muito envolvente, pois Lispector consegue capturar e descrever cada sentimento e pensamento dos personagens. Ela usa metáforas, simbolismos e descrições detalhadas para nos ajudar a visualizar a realidade do mundo de Heloísa e Carlos. Além disso, o livro também expõe a realidade das guerras e suas consequências para as pessoas. Clarice Lispector usa uma abordagem poética para nos mostrar a destruição e o sofrimento das pessoas durante uma guerra. Ela também mostra a esperança e o amor que ainda existem. Eu recomendo este livro a todos que querem ler sobre as consequências da guerra e a força de vontade de superar situações difíceis. Através da poesia e da narrativa poética, Clarice Lispector nos leva a um mundo real e nos mostra que, mesmo diante de um massacre de guerra, a força da humanidade e a esperança ainda existem.
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